"Ser psicólogo é uma imensa
responsabilidade. Não apenas isso, é também uma notável dádiva. Desenvolvemos o
dom de usar a palavra, o olhar, as nossas expressões, e até mesmo o silêncio. O
dom de tirar lá de dentro o melhor que temos para cuidar, fortalecer,
compreender, aliviar.
Ser psicólogo é um ofício tremendamente
sério. Mas não apenas isso, é também um grande privilégio. Pois não há maior
que o de tocar no que há de mais precioso e sagrado em um ser humano: seu
segredo, seu medo, suas alegrias, prazeres e inquietações.
Somos psicólogos e trememos diante da constatação
de que temos instrumentos capazes de favorecer o bem ou o mal, a construção ou
a destruição. Mas ao lado disso desfrutamos de uma inefável bênção que é poder
dar a alguém o toque, a chave que pode abrir portas para a realização de seus
mais caros e íntimos sonhos.
Quero, como psicólogo aprender a ouvir sem
julgar, ver sem me escandalizar, e sempre acreditar no bem.
Mesmo na contra-esperança, esperar. Quando
falar, ter consciência do peso da minha palavra, do conselho, da minha
sinalização. Que as lágrimas que diante de mim rolarem, pensamentos,
declarações e esperanças testemunhadas, sejam segredos que me acompanhem até o fim.
E que eu possa ao final ser agradecido pelo
privilégio de ter vivido para ajudar as pessoas a serem mais felizes.
O privilégio de tantas vezes ter sido único
na vida de alguém que não tinha com quem contar para dividir sua solidão, sua
angústia, seus desejos. Alguém que sonhava ser mais feliz, e pôde comigo
descobrir que isso só começa quando a gente consegue realmente se conhecer e se
aceitar."
Walmir Monteiro